Com o objetivo de desmistificar a saúde mental no ambiente corporativo, a Campanha Janeiro Branco foi criada em 2014, ganhando mais destaque a cada ano.
Esta campanha busca conscientizar e auxiliar as equipes de RH a abordar o tema de maneira assertiva, aproveitando o início do ano - um período marcado por promessas de novos hábitos e um sentimento de recomeço (páginas em branco).
As ações mais comuns endossadas pela campanha incluem palestras de sensibilização, grupos de escuta, comunicação acolhedora e a divulgação de programas de apoio psicológico com terapeutas, no entanto, a prevenção ainda é pouco explorada nessa abordagem.
Segundo uma pesquisa recente realizada pela empresa Pausa Ativa Ocupacional com mais de 1000 funcionários de médias e grandes corporações, 86% dos trabalhadores passavam mais de 6 horas por dia trabalhando sentados. Além disso, 53% desse público relatou se sentir estressado acima do ideal, 59% não se sente com baixa energia e vitalidade durante a jornada de trabalho e 71% chegam a se sentir tão esgotados em um dia de trabalho a ponto de interferir nas atividades cotidianas no período de lazer, prejudicando o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
O estresse, definido como as respostas físicas e mentais do corpo às mudanças percebidas na vida, é um fator de risco potencial para o bem-estar e a mortalidade. Pesquisas apontam que existe uma correlação robusta entre o excesso de tempo que passamos sentado e em atividade cognitiva e a redução da oxigenação celular, da atividade neurometabólica, aumento da tensão muscular e de processos inflamatórios.
Esses efeitos podem resultar em fadiga, redução da memória de trabalho e da capacidade cognitiva, além de aumento da reatividade ao estresse individual, sintomas de depressão, ansiedade e esgotamento (burnout) também conhecido como “síndrome de burnout”, foi classificado pela primeira vez como um problema de saúde mental no local de trabalho na 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças.
A má gestão desse comportamento diariamente, pode contribuir para os atuais níveis excessivos de estresse no local de trabalho, que, consequentemente vem resultando na diminuição do bem-estar dos funcionários, menor produtividade do trabalhador e aumento das taxas de absenteísmo. De fato, o custo econômico da síndrome de burnout nos países europeus foi estimado em 627 bilhões de euros. Assim, o interesse em medir os níveis de estresse dos funcionários no local de trabalho aumentou nos últimos anos.

A implementação de programas de gestão do tempo sentado no local de trabalho, através de interrupções regulares e conscientes do trabalho sentado, conhecido como Pausa Ativa Ocupacional, tem se mostrado uma iniciativa muito eficaz para reduzir o estresse, a ansiedade e a síndrome de burnout. Essas pausas físicas promovem um estímulo neural, gerando respostas neurofisiológicas e neuroquímicas que desencadeiam uma série de adaptações positivas imediatas (agudas) no cérebro. Isso proporciona prazer e uma sensação de agitação que promovem aumento na pró-atividade diária e na vontade de realizar tarefas, além de potencializar efeitos ansiolíticos naturais, bem como uma maior resposta protetora para a saúde cardiovascular.
Quanto mais tempo ficamos sentados, privados de nos movimentar, maiores níveis de inflamação, estresse e esgotamento são apresentados, e, com eles, menor engajamento e envolvimento com o trabalho.
A aplicação da rotina de Pausas Ativas Ocupacional resulta na diminuição do estresse e melhora do humor, vitalidade, concentração e memória, além de reduzir os riscos de transtornos de humor (depressão e ansiedade), compulsão alimentar, abuso de álcool e medicamentos.
Promover uma nova cultura ocupacional para que o hábito de se movimentar seja padrão e holístico deve ser algo prioritário para prosperidade em qualquer empresa. O ritmo frenético das mudanças e a imprevisibilidade do mercado fizeram com que trabalhar longas jornadas de trabalho fosse bem-visto nas organizações como sinônimo de comprometimento e produtividade nos últimos 20 anos.
No entanto, com a ‘epidemia’ anunciada de transtornos mentais e doenças crônicas, nota-se que essa dinâmica não tem sido benéfica nem para a organização, nem mesmo para os profissionais. É necessário bloquear esse tipo de comportamento reconhecer colaboradores que conseguem equilibrar as diferentes esferas de qualidade de vida, como profissional, física e social, ter clareza nas prioridades de negócios e ser firme em relação a isso.
Investir e estimular uma nova cultura corporativa treinando e formando líderes ativos e conscientes da importância de gestão do comportamento físico no trabalho e de um estilo de vida saudável na produtividade e bem estar ocupacional, promovendo a cultura e a participação dos colaboradores, acolhendo os colaboradores mais necessitados de intervenção, atuando individualmente na melhora de cada um e atuando no fortalecimento global de uma cultura ocupacional mais ativa, menos reativa e mais sustentável, que naturalmente promoverá a mudança de cultura e o bem estar de toda a empresa.
Aqui vão as sugestões de atividades para o janeiro Branco:
- Promova palestras sobre como Pausas Ativas ajudam na prevenção a doenças mentais e emocionais
- Implemente o programa de Pausas Ativas
- Ofereça espaço para movimento
- Treine e eduque a liderança para serem guardiões dessa “nova cultura”
- Incentive walking meetings
- Estimule o uso de escadas
- Premie e recompense aqueles que se destacam pela iniciativa
- Faça campanhas de encorajamento para que os colaboradores percam a vergonha de se movimentar.
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