top of page

O Custo do Conforto

clarissaliguori

Escrito por : Daniel Medeiros Lima, PT, PhD, DipIBLM


O risco do sedentarismo é tão alto que corresponde ao menos 5 milhões de mortes prematuras por ano. - segundo a OMS


Custo do conforto, e o risco do sedentarismo

Vivemos em uma era de conveniência. Trabalhamos sentados, estudamos em mesas, nos deslocamos de carro e, muitas vezes, passamos horas sem nos movermos. O conforto parece ser uma conquista moderna, mas qual é o preço que pagamos por ele? A resposta pode ser mais alarmante do que você imagina.

O sedentarismo, definido como a falta de movimento físico suficiente para manter o corpo saudável, está se tornando uma epidemia global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1 em cada 4 adultos não pratica atividade física suficiente, e mais de 80% dos adolescentes são sedentários. Passar longas horas sentado, seja no trabalho, nos estudos ou em frente às telas, está diretamente ligado a uma série de problemas de saúde.


O que o sedentarismo faz ao seu corpo?


Quando você passa muito tempo sentado, seu corpo entra em um estado de "hibernação metabólica". O gasto energético cai drasticamente, e sistemas vitais começam a funcionar de forma menos eficiente. Aqui estão alguns dos principais riscos associados ao sedentarismo:


  1. Doenças cardiovasculares: Uma revisão publicada na Preventive Medicine mostrou que pessoas que passam mais de 6 horas por dia sentadas têm um risco significativamente maior de desenvolver doenças cardíacas e um adicional de 5% para cada hora, em comparação com aquelas que ficam sentadas por menos de 3 horas.

  2. Diabetes tipo 2: O risco de diabetes aumenta de forma linear, quanto maior o tempo sentado, maior o risco de desenvolver a doença. Um estudo publicado no European Journal of Epidemiology demonstrou que para cada hora sentado, aumenta em 9% o risco de DM2. Outro estudo, da Annals of Internal Medicine, encontrou que o tempo sedentário prolongado está associado ao risco de 91% de DM2. 

  3. Problemas musculoesqueléticos: Dores nas costas, pescoço e ombros são comuns em quem passa horas na mesma posição. A falta de movimento também leva à perda de massa muscular e à fraqueza óssea, aumentando o risco de osteoporose.

  4. Impacto na saúde mental: O sedentarismo está ligado a maiores taxas de ansiedade e depressão. Um estudo da BMC Public Health revelou que pessoas que passam mais de 7 horas por dia sentadas têm um risco 47% maior de desenvolver sintomas depressivos.

  5. Mortalidade precoce: Dados alarmantes mostram que o sedentarismo é responsável por mais de 5 milhões de mortes prematuras por ano no mundo, rivalizando com o tabagismo como uma das principais causas de morte evitável. Com relação a mortes por doenças cardiovasculares, um estudo publicado na Preventive Medicine demonstrou que o comportamento sedentário aumenta em 30% o risco de morte cardiovascular prematura.


O movimento como solução


A boa notícia é que pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença. Você não precisa se tornar um atleta de elite ou passar horas na academia para colher os benefícios do movimento. A chave está em incorporar mais atividade física natural ao seu dia a dia.


  • Troque o elevador pelas escadas: Subir escadas queima calorias, fortalece os músculos das pernas e melhora a saúde cardiovascular.

  • Caminhe enquanto fala ao telefone: Aproveite chamadas para se movimentar.

  • Faça pequenas pausas ativas: A cada hora sentado, levante-se por 5 minutos. Alongue-se, faça pequenos exercícios ou faça tarefas domésticas simples.

  • Use o transporte ativo: Se possível, vá a pé ou de bicicleta para o trabalho ou para realizar tarefas cotidianas como ir ao mercado, padaria e etc.


Reflexão final


O conforto do sedentarismo é ilusório. Ele nos oferece uma sensação momentânea de relaxamento, mas cobra um preço alto a longo prazo. A boa notícia é que a solução está ao nosso alcance. Movimentar-se mais não exige grandes sacrifícios, apenas pequenas mudanças de hábitos. Que tal começar hoje? Troque o elevador pelas escadas, caminhe até a padaria ou faça uma pausa para se alongar. Seu corpo e sua mente agradecem.

Lembre-se: o movimento é vida. E a vida é feita de escolhas. Escolha se mover.


Referências:


  • Strain T, Flaxman S, Guthold R, et al. National, regional, and global trends in insufficient physical activity among adults from 2000 to 2022: a pooled analysis of 507 population-based surveys with 5·7 million participants [published correction appears in Lancet Glob Health. 2025 Feb;13(2):e202. doi: 10.1016/S2214-109X(24)00533-3.]. Lancet Glob Health. 2024;12(8):e1232-e1243. doi:10.1016/S2214-109X(24)00150-5

  • World Health Organization. Physical activity. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/physical-activity.

  • Onagbiye S, Guddemi A, Baruwa OJ, et al. Association of sedentary time with risk of cardiovascular diseases and cardiovascular mortality: A systematic review and meta-analysis of prospective cohort studies. Prev Med. 2024;179:107812. doi:10.1016/j.ypmed.2023.107812

  • Liu L, Wen W, Andersen SW, et al. Sitting Time, Physical Activity and Mortality: A Cohort Study In Low-Income Older Americans. Am J Prev Med. 2024;67(6):924-931. doi:10.1016/j.amepre.2024.07.018

  • Patterson R, McNamara E, Tainio M, et al. Sedentary behaviour and risk of all-cause, cardiovascular and cancer mortality, and incident type 2 diabetes: a systematic review and dose response meta-analysis. Eur J Epidemiol. 2018;33(9):811-829. doi:10.1007/s10654-018-0380-1

  • Biswas A, Oh PI, Faulkner GE, et al. Sedentary time and its association with risk for disease incidence, mortality, and hospitalization in adults: a systematic review and meta-analysis [published correction appears in Ann Intern Med. 2015 Sep 1;163(5):400. doi: 10.7326/L15-5134.]. Ann Intern Med. 2015;162(2):123-132. doi:10.7326/M14-1651

  • Zhao X, Yang Y, Yue R, Su C. Potential causal association between leisure sedentary behaviors, physical activity and musculoskeletal health: A Mendelian randomization study. PLoS One. 2023;18(3):e0283014. Published 2023 Mar 16. doi:10.1371/journal.pone.0283014

  • Wullems JA, Degens H, Verschueren SMP, Morse CI, Grant DM, Onambélé-Pearson GL. Sedentary behaviour (especially accumulation pattern) has an independent negative impact on skeletal muscle size and architecture in community-dwelling older adults. PLoS One. 2024;19(2):e0294555. Published 2024 Feb 23. doi:10.1371/journal.pone.0294555

  • Mazaheri-Tehrani S, Arefian M, Abhari AP, et al. Sedentary behavior and neck pain in adults: A systematic review and meta-analysis. Prev Med. 2023;175:107711. doi:10.1016/j.ypmed.2023.107711

  • Barbosa BCR, Menezes-Júnior LAA, de Paula W, et al. Sedentary behavior is associated with the mental health of university students during the Covid-19 pandemic, and not practicing physical activity accentuates its adverse effects: cross-sectional study. BMC Public Health. 2024;24(1):1860. Published 2024 Jul 11. doi:10.1186/s12889-024-19345-5

  • Guo Y, Li K, Zhao Y, Wang C, Mo H, Li Y. Association between long-term sedentary behavior and depressive symptoms in U.S. adults. Sci Rep. 2024;14(1):5247. Published 2024 Mar 4. doi:10.1038/s41598-024-55898-6

  • Yu K, Yang Q, Wang J, Zeng B. Accelerometer-Derived Physical Activity, Sedentary Behavior, and the Risk of Depression and Anxiety in Middle-aged and Older Adults: A Prospective Cohort Study of 71,556 UK Biobank Participants. Am J Geriatr Psychiatry. Published online October 28, 2024. doi:10.1016/j.jagp.2024.10.015

  • Katzmarzyk PT, Powell KE, Jakicic JM, et al. Sedentary Behavior and Health: Update from the 2018 Physical Activity Guidelines Advisory Committee. Med Sci Sports Exerc. 2019;51(6):1227-1241. doi:10.1249/MSS.0000000000001935

  • Liu J, Ai C, Li Z, et al. Titration of Sedentary Behavior With Varying Physical Activity Levels Reduces Mortality in Patients With Type 2 Diabetes. J Clin Endocrinol Metab. 2024;109(12):3156-3165. doi:10.1210/clinem/dgae323

  • Onagbiye S, Guddemi A, Baruwa OJ, et al. Association of sedentary time with risk of cardiovascular diseases and cardiovascular mortality: A systematic review and meta-analysis of prospective cohort studies. Prev Med. 2024;179:107812. doi:10.1016/j.ypmed.2023.107812


 
 
 

Comments


bottom of page