Nos últimos anos, o mundo do trabalho passou por transformações significativas, impulsionadas pela tecnologia e pela cultura do "fazer mais". Entretanto, essa busca incessante por produtividade trouxe à tona um problema sério: o alto custo do excesso de trabalho, que se manifesta em diversas dimensões, desde a saúde mental até a eficiência organizacional.
1. Impacto
Estudos demonstram que a carga excessiva de trabalho está diretamente relacionada a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. A pesquisa State Of The Global Workplace, da Gallup, revela que 46% dos trabalhadores brasileiros sofrem de estresse diário, enquanto 25% lidam com tristeza e 18% com raiva diariamente. Essas emoções se alimentam mutuamente e podem impactar significativamente o ambiente de trabalho.
2. Produtividade
O excesso de trabalho também causa sérios danos à saúde física. A síndrome de burnout, resultante do estresse contínuo, torna-se cada vez mais comum. Brigid Schulte, em seu livro Over Work, explora como culturas organizacionais que valorizam a "presença" acima do desempenho prejudicam não apenas a saúde dos colaboradores, mas também a produtividade das empresas. Estudos indicam que sobrecarga de trabalho contribui para erros, queda na qualidade do trabalho e até mesmo redução da vida útil dos profissionais.
3. Cultura Organizacional
A promoção de uma cultura que valoriza horas trabalhadas em detrimento de resultados é um erro que muitas empresas ainda cometem. Malissa Clark, em Never Not Working, argumenta que essa cultura do "sempre ativo" prejudica tanto indivíduos quanto organizações. Para mudar essa realidade, é necessário reavaliar o que realmente é urgente, delegar tarefas e redefinir prioridades. Segundo a Gartner, empresas que priorizam o bem-estar dos funcionários observam uma melhora significativa na retenção e no engajamento.
4. Tendências Futuras e a Importância do Bem-Estar
Um estudo divulgado pela World Health Organization e pela Harvard Business School destaca que, entre as cinco maiores tendências para o trabalho em 2024, o bem-estar está na terceira colocação. Isso indica uma mudança de paradigma:
O trabalho híbrido continua crescendo.
Jornadas de trabalho extensivas são vistas como um retrocesso.
Investir em políticas de cuidado e bem-estar entra na lista de prioridades.
Pessoas mais jovens têm ganhado espaço na liderança.
Novas vivências, como hobbies e apoio à comunidade, começam a ser estimuladas em busca do equilíbrio entre vida e trabalho.
Essas tendências reforçam que o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é essencial para a sustentabilidade das organizações e a satisfação dos colaboradores.
5. Soluções e Caminhos a Seguir
Para mitigar esses efeitos, é fundamental que empresas e trabalhadores reavaliem suas prioridades. Schulte sugere três ações práticas: mudar a mentalidade sobre horas trabalhadas, redesenhar processos para aumentar a eficiência e promover uma cultura que priorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Também é crucial investir em políticas de cuidado e bem-estar, que não devem ser vistas apenas como custos, mas sim como estratégias para aumentar a produtividade e a satisfação dos funcionários.
6. Dicas Práticas para um Ambiente de Trabalho Saudável
Redefina o que é urgente: Analise suas tarefas e questione a urgência delas.
Delegue com confiança: Distribua responsabilidades para focar em questões estratégicas.
Adote momentos de pausa: Agende espaços de recuperação durante o expediente. Considere adotar a rotina de pausas ativas para restaurar de forma eficiente o seu cérebro.
O alto custo do excesso de trabalho é um tema que exige atenção e ação imediata. Tanto empresas quanto indivíduos precisam reconhecer que a verdadeira produtividade não está relacionada a horas trabalhadas, mas sim à qualidade e ao equilíbrio. O futuro do trabalho deve priorizar a saúde e o bem-estar, criando um ambiente em que todos possam prosperar.
PS - A inspiração desse texto veio pelos post de Kiko Campos (Diretor Sr. de Rh do Grupo Carrefour) no linkedin. Se você não o segue, fica aqui a nossa indicação.
Referências
Clark, Malissa. Never Not Working.
Schulte, Brigid. Over Work.
Gartner. Relatórios sobre bem-estar corporativo.
World Health Organization e Harvard Business School. Tendências para o trabalho em 2024.
Gallup. State Of The Global Workplace.
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