O sedentarismo, caracterizado por longos períodos sentado ou deitado sem gasto energético significativo, tem sido amplamente associado a impactos negativos na saúde mental, incluindo aumento do risco de depressão, ansiedade e ideação suicidas. Diversos estudos exploraram como esse comportamento afeta diretamente o bem-estar emocional.
Um estudo com estudantes universitários na China, por exemplo, apontou uma relação clara entre o comportamento sedentário e o aumento da ansiedade, depressão e ideação suicida. Quanto mais horas os estudantes passavam em atividades sedentárias (≥ 7 horas por dia), maior era o risco de desenvolver esses problemas de saúde mental.:
Ansiedade (AOR = 1.76);
Depressão (AOR = 1.45);
Ideação suicida (AOR = 1.47)
Outro ponto importante deste estudo foi a independência do sedentarismo em relação à atividade física. Mesmo aqueles que praticavam exercícios regulares, mas ainda mantinham longos períodos sedentários, continuavam em risco elevado de problemas emocionais, o que reforça a importância de interromper a inatividade com pausas frequentes
Além disso, esse estudo mostrou que a qualidade do sono mediava parcialmente essa relação, ou seja, o comportamento sedentário contribuía para um sono de menor qualidade, o que por sua vez amplificava os problemas emocionais.
Uma outra revisão sistemática e meta-análise, divulgada em abril desse ano, também confirmou a relação entre comportamento sedentário e risco de suicídio, incluindo ideação suicida, planos de suicídio e tentativas. A análise, que incluiu 13 estudos com mais de 847 mil participantes, encontrou que o comportamento sedentário aumenta o risco de:
Tentativa de suicídio (OR = 1.23);
Ideação suicida (OR = 1.47);
Planejamento de suicídio (OR = 1.30)
Essa revisão também realizou análises de subgrupos e concluiu que o sedentarismo tem um impacto considerável tanto em adolescentes quanto em adultos, em diferentes regiões do mundo. A análise revelou que o risco era particularmente acentuado entre adolescentes e pessoas em áreas de baixa renda, sugerindo que populações vulneráveis podem estar mais suscetíveis aos efeitos negativos de um estilo de vida sedentário.
Além de afetar o sono, o sedentarismo pode afetar a saúde mental pelo:
Isolamento social: Muitas atividades sedentárias, como assistir televisão ou usar o computador, são realizadas de forma solitária, o que pode levar ao isolamento social, fator de risco para depressão
Processos inflamatórios: Estudos sugerem que o sedentarismo prolongado pode aumentar os marcadores inflamatórios no corpo, como a interleucina-6 (IL-6), o que está relacionado a um risco maior de depressão e ansiedade
As pausas ativas, que consistem em breves interrupções no tempo sedentário para realizar ataques de movimentos, podem ser uma solução eficaz para mitigar esses efeitos. Essas pausas ajudam a quebrar longos períodos de inatividade, estimulam a circulação, melhoram o humor e a função cognitiva, além de promoverem interações sociais que são essenciais para o bem-estar mental.
Implementar pausas ativas regulares no ambiente de trabalho ou estudo pode, assim, ser uma estratégia crucial para proteger a saúde mental e prevenir o desenvolvimento de transtornos emocionais associados ao comportamento sedentário. Em tempos de conscientização sobre o tema, falar de movimento também é uma forma leve de iniciar uma conversa tão importante sobre prevenção ao suicídio.
Conte conosco para trabalhar essa abordagem!
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